Introdução a Educação Bíblica e secular
Curso Professor 10!
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apostila contém trabalhos e textos extraídos e/ou aproveitados dos seguintes sites:
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Assembleia de Deus do Gama – Boa Vista II
Ministério de Madureira
1ª parte – Em que meio estamos
inseridos
REFORMA
PROTESTANTE– ONTEM E HOJE
Alderi Souza de Matos
Todo grupo humano possui em sua história
eventos de grande significado que estão intimamente associados com a sua
identidade e autocompreensão. No caso dos protestantes, um evento dessa
natureza é o episódio que desencadeou a Reforma Religiosa do Século XVI. O
monge agostiniano e professor de teologia Martinho Lutero afixou à porta da
igreja de Wittenberg, na Alemanha, as suas célebres Noventa e Cinco Teses, convidando a comunidade
acadêmica local para um debate público sobre a venda das indulgências e outras
questões controvertidas. Desde então, o dia 31 de outubro de 1517 tem
permanecido na consciência evangélica como um símbolo fundamental do seu
movimento.
Todavia, por decisivo e marcante que
tenha sido, esse acontecimento pertence ao passado e não pode mais ser
repetido. Há muitos evangélicos que sonham com uma volta aos tempos da Reforma,
assim como tantos gostariam de restaurar os dias heróicos da Igreja Primitiva.
A isto chamamos de “repristinação”, ou seja, a tentativa de restaurar alguma
coisa a um estado ou condição original, prístino. Porém, o fato é que os
acontecimentos, circunstâncias e personagens passam inexoravelmente; somente as
idéias e os ideais permanecem, e são eles, acima de tudo, que devem ocupar a
nossa atenção.
Ao comemorarmos mais um aniversário da
Reforma, de que maneira podemos celebrar a obra dos desbravadores evangélicos
do século XVI? De que modo podemos honrar o Deus dos reformadores, nós que
vivemos no início do século XXI? Uma das respostas é: conhecendo e encarnando
as convicções que nortearam as suas vidas e os seus labores. Destacamos três
delas, que reputamos essenciais para a igreja contemporânea.
Primeiramente, é notável o lugar que os
reformadores deram ao Deus trino em seu pensamento e ação. Apesar dos fatores
políticos, sociais e econômicos envolvidos na Reforma, o seu ímpeto mais
central veio da profunda experiência religiosa de líderes como Lutero e
Calvino. A sua visão da graça e da glória de Deus, mediada pelas Escrituras,
levou-os a colocá-lo no centro de suas vidas e a rejeitar tudo aquilo que
pudesse obscurecer a sua majestade como Senhor do universo, da vida e da
redenção. Em segundo lugar, há que considerar o seu entendimento da Igreja como
comunidade de adoração, comunhão e serviço. A Igreja não era para eles uma
estrutura ou instituição, mas o conjunto dos fiéis que se reúnem para exaltar a
Deus, estudar a sua Palavra e celebrar a sua salvação, e depois se dispersam
para testemunhar e servir. Finalmente, os reformadores nos inspiram em seu
entendimento da sociedade. Rompendo com a dicotomia entre sagrado e secular, os
líderes da Reforma e seus seguidores insistiram no fato de que toda a vida
pertence a Deus e deve refletir o seu senhorio. Com seu trabalho e exemplo, o
cristão deve esforçar-se para que os valores do Reino permeiem todas as áreas
da coletividade. Que sejam essas as nossas preocupações ao lembrarmos novamente
os eventos e personagens dos quais somos herdeiros.
A
REFORMA PROTESTANTE: PERGUNTAS E RESPOSTAS
Alderi Souza de Matos
1. Qual a importância da Reforma?
A Reforma Protestante foi importante para o cristianismo porque chamou a
atenção para verdades (doutrinas) e práticas bíblicas que haviam sido
esquecidas ou distorcidas pela Igreja Medieval. Não foi um movimento inovador,
mas restaurador das convicções e ênfases do cristianismo original. Algumas de
suas principais contribuições foram: retorno às Escrituras; a centralidade de
Cristo; a salvação vista como dádiva da graça de Deus, a ser recebida por meio
da fé; a Igreja não é a instituição ou a hierarquia, mas o povo de Deus – cada
cristão é um sacerdote.
2. A Reforma foi um movimento exclusivamente
religioso?
Embora tenha sido um movimento predominantemente religioso, a Reforma teve
importantes ligações com as realidades econômicas, políticas e sociais do
século 16. Na área econômica, contribuíram para a Reforma fenômenos como o fim
do feudalismo, o desenvolvimento do capitalismo e a crescente urbanização. Ao
contrário da mentalidade católica medieval, os protestantes tinham uma visão
positiva do trabalho, do lucro e das ocupações “seculares”. Suas concepções
acerca da pobreza também eram diferentes. Por outro lado, a Reforma foi um
protesto contra a opulência da Igreja Majoritária e suas contínuas
interferências na economia das nações européias (através de inúmeros impostos
eclesiásticos e outros meios).
3. Qual a posição de Lutero quanto ao livre
arbítrio?
Lutero negou o livre arbítrio no que diz respeito à salvação – o ser humano,
escravizado pelo pecado, não pode por si mesmo buscar a Deus. Todavia, o livre
arbítrio permanece intacto em relação a outras questões, como as decisões
comuns e as responsabilidades da vida cotidiana.
4. Por que existem tantas igrejas
protestantes?
Lutero defendeu firmemente a sacerdócio universal dos fiéis, mas essa não é a
principal razão da existência de muitas igrejas evangélicas. A razão maior está
no princípio do “livre exame”, ou seja, o direito de todo cristão de estudar
por si mesmo as Escrituras, não ficando preso à autoridade da Igreja ou a uma
interpretação “oficial” da Bíblia.
5. Há necessidade de uma nova Reforma?
Existem muitas igrejas ditas “protestantes” ou “evangélicas” que, por terem se
afastado dos princípios básicos propostos pelos reformadores, realmente
necessitam de uma nova Reforma.
6. Como a Reforma contribuiu para o
pensamento moderno?
A Reforma contribuiu para o pensamento moderno de muitas maneiras. Seu
questionamento do autoritarismo religioso medieval, sua ênfase à participação
responsável dos fiéis na vida e na direção das igrejas, seu estilo
participativo de liderança, sua valorização do trabalho e de toda e qualquer
ocupação honesta contribuíram para o fortalecimento de noções como liberdade,
democracia e solidariedade social. Os diferentes reformadores e seus seguidores
deram importantes contribuições nas áreas da teologia, filosofia, política, sociologia
e ética.
7. Que dizer da imagem negativa de Lutero?
Felizmente, essa imagem negativa de Lutero está em declínio. Atualmente, mesmo
historiadores católicos têm tido uma visão mais construtiva e equilibrada do
pensamento e da obra do reformador.
8. É correta a interpretação de Marx e Engels
de que a Reforma foi motivada por fatores sociais e econômicos?
Essa visão de Marx e Engels é parcial e inadequada. Lutero foi movido acima de
tudo por sua intensa experiência religiosa. Ele havia se tornado um monge por
preocupar-se com a sua salvação; porém, a sua vida monástica só fez aumentar a
sua insegurança espiritual. Foi então que descobriu nas epístolas paulinas o
ensino acerca da justificação pela fé. Essa experiência libertadora, que trouxe
paz ao seu coração, e as convicções dela resultantes, foram o fundamento da sua
obra como reformador.
9. Lutero era aliado das elites?
Lutero era inteiramente popular, como demonstram fartamente os seus escritos.
Ele era um homem do povo, falava a linguagem do povo, por vezes bastante
áspera, e só ocasionalmente envolveu-se com os nobres, por força das
circunstâncias políticas da época.
10. É verdade que o reformador Lutero gostava
de uma boa cerveja?
Lutero realmente gostava de comer e beber, por entender que essas eram dádivas
de Deus aos seus filhos.
11. Por que a Reforma teve diferentes
manifestações?
A Reforma teve características distintas em outras partes da Europa por vários
motivos: as personalidades e ênfases dos outros reformadores, as peculiaridades
culturais das outras nações e as realidades políticas dessas nações. Por
exemplo, na Inglaterra a Reforma só implantou-se graças à interferência
decisiva de vários monarcas, como Henrique VIII, Eduardo VI e, em especial,
Elizabete I. Querendo agradar os seus súditos protestantes e católicos, ela
criou o anglicanismo, uma síntese de elementos dessas duas tradições
religiosas.
PEQUENA
HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL
Alderi Souza de Matos
A escola dominical é uma das
instituições mais úteis, benéficas e duradouras da história do protestantismo.
Ela se insere no contexto mais amplo da educação religiosa ou educação cristã,
que sempre tem sido uma preocupação da Igreja, desde os tempos apostólicos. O
interesse em instruir, educar e capacitar o povo de Deus foi muito importante
no Antigo Testamento, no contexto da família e da vida religiosa de Israel. No
período interbíblico surgiu uma importante agência educativa judaica que foi a
sinagoga. O ensino recebeu enorme ênfase no ministério de Jesus, que foi mestre
e reuniu em torno de si os seus discípulos. Na igreja primitiva, as atividades
didáticas foram fundamentais para a propagação e consolidação do novo
movimento, como se pode verificar amplamente nos livros do Novo Testamento.
1. Um notável pioneiro
A moderna instituição conhecida como
“escola dominical” teve como seu principal fundador o jornalista inglês Robert
Raikes (1735-1811). Ele era natural da cidade de Gloucester e em 1757, aos vinte
e dois anos, sucedeu o pai como editor do GloucesterJournal,
um periódico voltado para a reforma das prisões. Nessa época, estava ocorrendo
na Inglaterra o extraordinário avivamento evangélico, com sua forte ênfase
social. Inspirado por outras pessoas, Raikes iniciou uma escola em sua paróquia
em 1780. Ele ensinava crianças pobres de 6 a 14 anos a ler e escrever e
dava-lhes instrução bíblica.
A idéia de Raikes rapidamente se
alastrou pelo país. Apenas cinco anos mais tarde, em 1785, foi organizada em Londres
uma sociedade voltada para a criação de escolas dominicais. Um ano depois,
cerca de 200.000 crianças estavam sendo ensinadas em todo a Inglaterra. No
princípio os professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntários. Da
Inglaterra a instituição foi para o País de Gales, Escócia, Irlanda e Estados
Unidos.
2. Difusão nos Estados Unidos
No fim do século 18, quando ocorreu a
independência dos Estados Unidos, muitas crianças, especialmente pobres, não
tinham acesso à educação. As escolas dominicais vieram suprir essa carência,
além de unir o ensino religioso ao ensino geral. A primeira escola dominical
americana surgiu numa residência da Virgínia em 1785. Na década seguinte, foram
criadas escolas em Boston, Nova York, Filadélfia, Rhode Island e Nova Jersey.
Destinavam-se a crianças que careciam de educação, muitas das quais trabalhavam
em indústrias. Na cidade de Pawtucket, Estado de Rhode Island, foi iniciada uma
escola na primeira usina de algodão dos Estados Unidos. Os primeiros dirigentes
em geral eram leigos e líderes comunitários; o texto usado era a Bíblia e as
matérias incluíam leitura, redação e valores cívicos e morais. Essas escolas
dominicais prepararam o caminho para a criação de escolas públicas.
3. A organização do movimento
A partir de 1800, os propósitos das
escolas dominicais americanas passaram a ser instrução e evangelismo; elas
transmitiam valores cristãos e o espírito democrático da nova nação. Era um
trabalho não-denominacional ou, como se dizia na época, uma “associação voluntária”,
reunindo pessoas de diferentes igrejas. Em 1824 foi fundada a União Nacional de
Escolas Dominicais, que organizou os líderes, publicou literatura e criou
milhares de escolas no interior do país. Na mesma época, muitas denominações
começaram a criar as suas próprias uniões de escolas dominicais.
Até a década de 1870, existiram dois
tipos de escolas dominicais: (a) missionárias, que evangelizavam crianças em
áreas rurais e bairros pobres das grandes cidades; (b) eclesiásticas, que
educavam os filhos dos membros das igrejas. Em 1869 reuniu-se a primeira
Convenção Nacional de Escolas Dominicais (passou a denominar-se Convenção
Internacional em 1875). Uma comissão passou a preparar um currículo de lições
padronizadas para uso geral (Lições Internacionais). Surgiram normas para o uso
do tempo e do espaço nas igrejas e o sistema foi levado para os campos
missionários no exterior.
No final do século dezenove, 80% dos
novos membros ingressavam nas igrejas através das escolas dominicais. Em 1905,
foi criada a Associação Internacional de Escolas Dominicais, que passou a
promover convenções em muitos países, algumas das quais tiveram a presença de
brasileiros.
4. A Escola Dominical no Brasil
A escola dominical chegou ao Brasil como
as primeiras missões protestantes. A primeira escola dominical permanente foi
fundada pelo casal Robert e Sarah Kalley em Petrópolis, no dia 19 de agosto de
1855. Sarah Kalley havia sido grande entusiasta desse movimento na sua pátria,
a Inglaterra. A primeira escola dominical presbiteriana foi iniciada pelo Rev.
Ashbel Green Simonton em maio de 1861, no Rio de Janeiro. Reunia-se nos
domingos à tarde, na rua Nova do Ouvidor. Essa escola aparentemente foi
organizada de modo mais formal em maio de 1867. Um evento comum em muitas
igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras décadas do século 20 era o
“Dia do rumo à escola dominical”, quando se fazia um esforço especial para
trazer um grande número de visitantes.
Um destacado incentivador das escolas
dominicais foi o Dr. Eliézer dos Santos Saraiva (1879-1944), presbítero da
Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo, que promoveu as primeiras convenções
de escolas dominicais do Brasil, bem como encontros de confraternização e
piqueniques. Outro grande incentivador foi o Rev. Erasmo de Carvalho Braga
(1877-1932), que traduziu, adaptou e escreveu por vários anos as Lições
Internacionais (Livro do Professor,
1921-1929), um valioso material para crianças, jovens e adultos. No início do
século vinte surgiu a União Brasileira das Escolas Dominicais, depois Conselho
Nacional de Educação Religiosa, cujo trabalho foi continuado pela Confederação
Evangélica do Brasil.
2ª parte - Introdução a
Educação
A educação é um
processo inerente a todas as sociedades humanas. Poderíamos até discutir se
entre os animais, ou alguns deles, não existem procedimentos semelhantes que
impliquem o desenvolvimento de potencialidades, em interacção com outros
indivíduos da espécie — uma espécie de aprendizagem. Durante muito tempo
postulou-se uma diferença radical entre o homem e o animal, mas hoje todas as
evidências apontam para um continuum envolvendo todas as
formas de vida. É isso que me leva a pensar que provavelmente é possível
encontrar em algumas espécies animais formas de adaptação ao meio que resultam
mais de algum tipo de aprendizagem do que da hereditariedade.
Mas se, em relação
aos animais, a educação é uma mera hipótese, em relação ao homem é um facto
incontestável e incontestado. Em qualquer tempo e lugar, onde quer que haja um
grupo humano, encontramos procedimentos de formação tendentes a transmitir às
jovens gerações valores, saberes, aptidões, testados e aprovados. Esses
valores, saberes e aptidões caracterizam e, portanto, distinguem essas
diferentes culturas.
Durante muito tempo a
integração dos jovens no modo de ser e estar da sua sociedade fez-se por
"impregnação": era nos contactos diários no âmbito da família —
família alargada, naturalmente — e de grupos sociais mais vastos que a criança
ia absorvendo os elementos da cultura do seu grupo. É de crer que não houvesse
nesse processo uma intencionalidade consciente, como não a há ainda hoje na
maioria desses contactos sociais: isto é, cada um de nós, nas interacções
quotidianas, está a fazer educação, sem que disso se aperceba. O mesmo
acontecia nessas sociedades ditas primitivas. Isso não impedia que houvesse uma
rígida demarcação entre o estatuto de adulto e o de criança. A passagem de um a
outro estatuto era determinada pelo ritmo da maturação biológica, ou seja, pelo
aparecimento dos caracteres sexuais externos e a capacidade de reprodução. Essa
transição era marcada por ritos de iniciação, geralmente precedidos ou
acompanhados por um processo educativo especial — formal, portanto — tendente a
apetrechar o jovem com os saberes necessários à vida adulta e à total
integração na sociedade.
Essa educação
"primitiva" incidia sobre o saber (conhecimentos), o fazer (aptidões
técnicas), o ser (valores) e o estar (reconhecer a sua posição na sociedade e
agir em conformidade com ela). Tudo isso, como disse, como que absorvido
naturalmente por impregnação. Naturalmente também, uma educação deste tipo era
essencialmente conservadora: por mais informal e não intencional que fosse,
visava transmitir aos novos o modo de ser e estar, a visão do mundo, dos mais
velhos; não havia aí espaço para a inovação, a originalidade, a criatividade
pessoal, embora ela se manifestasse, apesar disso. Estou convencido que é isso
que explica, em grande parte, o ritmo extraordinariamente lento, se comparado
com o actual, das transformações culturais e sociais.
Essa educação
informal por impregnação exercia-se de igual modo em todos os estratos sociais:
o que variava eram os conteúdos, não os métodos. No entanto, a complexidade
crescente das sociedades impôs a certa altura a necessidade de uma educação
formal para a aquisição de aptidões de natureza intelectual (leitura e escrita,
por exemplo, ou a arte de argumentar nas sociedades em que o discurso passou a
ser importante na conquista do poder) ou saberes especializados (de natureza
mágica, religiosa ou outra). Surge então aquilo a que podemos chamar as
primeiras escolas. Encontramos então os sofistas exercendo o magistério na
Grécia e os círculos de estudos em torno de filósofos como Platão e
Aristóteles. Essa tradição "escolar" tem continuidade no império
romano e organiza-se de forma mais sistemática durante a Idade Média.
Obviamente essa
educação formal restringia-se aos membros das classes elevadas, a quem o
estatuto social permitia, por um lado, o ócio intelectual e os recursos
necessários (Quem disse que a educação era barata?) e, por outro lado, exigia
uma formação diferenciada e adequada ao exercício das funções de mando.
Na idade média a
nobreza dispensa durante muito tempo uma formação intelectual cuidada:
basta-lhe o adestramento militar e o saber estar de quem está
no topo da pirâmide social. Essa formação intelectual passa a ser apanágio do
clero. É a eles que compete a direcção espiritual da Cristandade, o que exige
alguma preparação de natureza teológica, bem precária por vezes; por outro
lado, torna-se cada vez mais necessária a aprendizagem do latim, a língua do
culto, dado que as línguas vulgares se vão progressivamente afastando da matriz
latina. E com a língua, sabemo-lo bem, vem a cultura, no caso a cultura
greco-romana, profundamente cristianizada é certo, mas mesmo assim uma cultura
"superior", que mais não seja porque apanágio de uma minoria.
Alguns saberes
especializados, a medicina sobretudo, ter-se-ão transmitido durante séculos de
forma menos institucional, certamente pelo processo de transferência de mestre
a discípulo. Essa arte de combater os males do corpo não se distinguia, para o
homem vulgar, das práticas mágicas; a distinção entre médicos e feiticeiros
deveria ser muito difícil de estabelecer nesses tempos pré-científicos. Daí que
a prática da medicina estivesse sobretudo entregue a judeus e árabes, a quem os
constrangimentos da teologia cristã não afectavam. Só por volta do século XII,
com a criação das universidades, esse saber se institucionalizou.
Depois foi aquilo que
sabemos: o desenvolvimento contínuo, sistemático, abrangente da educação
formal. Quase exclusiva dos clérigos na Idade Média, estendeu-se aos filhos da
burguesia e à aristocracia, logo a seguir. Durante alguns séculos mais
permaneceu um exclusivo das classes privilegiadas. Só na segunda metade do
século XIX a ideia da escolaridade universal começou a vingar, primeiro em
França, e depois nos restantes países desenvolvidos. No entanto, foi preciso
chegar à segunda metade do nosso século para que a escolaridade obrigatória se
generalizasse.
Paralelamente a essa
generalização, verificou-se uma progressiva absorção de saberes, de tal modo
que hoje, teoricamente, é praticamente impossível saber seja o que for sem
passar pelos bancos da escola. Quer se trate de uma formação geral necessária à
compreensão do mundo envolvente, quer de uma mais especializada para o
exercício de múltiplas actividades profissionais, a aprendizagem escolar é
imprescindível. E não podia ser de outro modo. Em 25 séculos que tem
provavelmente a instituição escolar, os saberes especializados desenvolveram-se
de tal modo que é praticamente impossível construir uma imagem actualizada do
mundo sem a intervenção da escola. E é discutível que a própria escola o
consiga.
3ª parte – A Formação e o papel
do Professor da EBD
INTRODUÇÃO
A Bíblia é a Palavra de Deus enviada aos
homens. Nela, encontramos a Didática divina, desde o Velho Testamento até o
Novo Testamento. Com Jesus Cristo, encontramos a perfeição do ensino , em seus
discursos, nas parábolas, nas interrogações, nos diálogos e na prática de sua
doutrina.
O professor da EBD, além de ser uma
pessoa dedicada ao ensino, precisa ter uma formação mais ampla, para que possa
atender às demandas, na igreja local, por parte de um alunado cada vez mais
exigente, em termos de conhecimento e cultura, sem perder a visão de que é um
servo de Deus, que necessita dramaticamente da graça de Deus e da unção do
Espírito Santo, para cumprir bem sua tarefa, no novo milênio. Neste trabalho,
esperamos contribuir para o entendimento desse tão importante tema para o papel
do professor da EBD.
I - O PREPARO
BÍBLICO-ESPIRITUAL (1 Tm 2.15)
1.
APRESENTADO-SE A DEUS . “Procura apresentar-te a Deus...” (v.2). Tudo o que
fazemos deve ser como para Deus e não aos homens (Cl 3.23).
2.
“COMO OBREIRO APROVADO, QUE NÃO TEM DE QUE SE ENVERGONHAR” O professor da EBD é
um obreiro a serviço do ensino na Casa do Senhor. Precisa ser aprovado:
1)
No testemunho pessoal (1 Tm 4.16; 2 Tm 4.5)
2)
Na vida familiar (Sl 128.1)
3)
Na vida social (Mt 5.16)
4)
Na igreja (Ec 5.1,2)
Tiago
adverte que muitos não queiram ser mestres (professores), visto que
“receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1).
3.
“QUE MANEJA BEM A PALAVRA DA VERDADE”.
Este
é um ponto fundamental. Um obreiro que evangeliza, como Timóteo, precisa saber
manejar a Palavra. Um obreiro que ensina precisa mais ainda desse manejo. Quem
ensina é professor, é mestre. “Deus deu uns para apóstolos....e outros para
pastores e doutores” (Ef 4.11). Para ter esse manejo, é preciso que o professor
tenha certos cuidados:
1)
Seja um leitor persistente e estudioso da Bíblia (1 Tm 4.13)
2)
Seja dedicado ao ensino (Rm 12.7b).
3)
Seja um leitor de bons livros de estudo bíblico (2 Tm 4.13).
4)
Procure conhecer versões variadas da Bíblia, principalmente as de estudo
bíblico (Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD); Thompson (Ed. VIDA).
5)
Utilize dicionários, concordâncias e enciclopédias bíblicas.
6)
Seja um leitor de revistas, jornais, e periódicos (evangélicos e seculares).
II - O PREPARO
TEOLÓGICO.
Embora não seja indispensável, seria
interessante que o professor da EBD, tendo condições, fizesse um Curso
Teológico. Nele, não se faz um excelente professor da EBD pois este é feito por
Deus. Contudo, o curso dá uma visão ampla do estudo sistemático da Palavra de
Deus, a partir da Teologia Sistemática e suas divisões; da Hermenêutica, da
Homilética, da História da Igreja, da Geografia Bíblica, Ética Pastoral,
Didática, Psicologia, etc...
A Bíblia diz: “Examinai tudo. Retende o
bem...” (1 Ts 5. 21). Os que criticam o estudo da Teologia, hoje, certamente o
fazem, motivados por um falso complexo de superioridade, ou por ignorância
quanto à sua utilidade para o ministério do ensino na casa do Senhor.
III - O PREPARO
DIDÁTICO DO PROFESSOR DA EBD
1. CONCEITOS
1.1.
DIDÁTICA. "A técnica de dirigir e orientar a aprendizagem; técnica de
ensino"; "O estudo desta técnica". (Dic. Aurélio). "É a
ciência, a arte e a técnica de ensinar". Como ciência, baseia-se em
princípios científicos, chamados de "leis do ensino"; como arte,
envolve a prática e a habilidade em comunicar conhecimentos; como técnica,
utiliza métodos e recursos que facilitam o processo ensino-aprendizagem.
1.2.
ENSINAR. Segundo GRIGGS (P. 16), "Ensinar não é somente uma ciência, mas,
também, uma arte. O professor é mais um artista do que um cientista".
1.3.
EDUCAÇÃO. "Podemos dizer que a educação é um processo contínuo de
desenvolvimento e aperfeiçoamento da vida".(EETAD, p. ); GREGORY (p.
11,12) vê dois conceitos de educação: "Primeiro, o desenvolvimento das
capacidades; segundo, a aquisição de experiência". "É a arte de
exercitar e a arte de ensinar". Com isso, o resultado esperado é "uma
personalidade bem desenvolvida física, intelectual e moralmente, com recursos
tais que tornem a vida útil e feliz, e habilitem o indivíduo a continuar
aprendendo através de todas as atividades da vida".
1.4.
EDUCAÇÃO CRISTÃ. É o processo de ensino-aprendizagem proporcionado por Deus,
através de sua Palavra, pelo Poder do Espírito Santo, transmitindo valores e
princípios divinos. É diferente da educação secular, que só transmite
instruções e conhecimentos, deixando de lado os valores éticos, morais e
espirituais. Por isso, a base da Educação Cristã é a Bíblia Sagrada. O
professor da EBD tem grande responsabilidade, na sua tarefa, de contribuir para
a educação de tantas vidas que se colocam, na classe, para ouvi-lo.
1.5.
EDUCAÇÃO RELIGIOSA. "...é um programa de ensino bíblico, cuja finalidade
visa à integração da pessoa na igreja, seu desenvolvimento espiritual e
maturidade cristã" (Diretrizes da Ed. Religiosa nas Assembléias . de Deus,
p. 1). A educação religiosa é desenvolvida:
1)
NA IGREJA (No ministério pastoral)
2)
NA ESCOLA DOMINICAL
3)
NO LAR (Culto Doméstico, atitudes, exemplo dos pais, etc.)
1.6.
PEDAGOGIA. "Teoria e ciência da educação e do ensino; conjunto de
doutrinas, princípios e métodos de educação e instrução que tendem a um
objetivo prático" (Dic.). "...é a arte e ciência de ensinar e educar
" (GILBERTO, p. 152). Enquanto a Didática (prática) se volta para o ensino
propriamente dito, a pedagogia volta-se para a Educação (Ciência, doutrina).
Pode-se dizer que o ESTUDO DA DIDÁTICA
envolve todo o processo do ensino-aprendizagem. Nele, estudam-se o Planejamento
do Ensino, a definição de objetivos, métodos e técnicas, meios auxiliares de
ensino, avaliação, etc...
O PAPEL DO
PROFESSOR NAS IGREJA
Sendo a Didática a arte e a técnica de
transmitir o ensino ou os conhecimentos, o professor tem papel fundamental, no
sentido de "estimular, dirigir e auxiliar a aprendizagem..."(CGADB,
P. 11). O Professor cristão deve ser um instrumento nas mãos do Espírito Santo,
para transmitir a Palavra de Deus. Jesus disse: "Portanto, ide, ensinai
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito
Santo" (Mt 19.28).
Segundo GRIGGS (p. 18-20), o professor
cristão deve ser amigo, procurando relacionar-se bem com os alunos; deve ser
intérprete, traduzindo para os alunos aquilo que lhes é ensinado; planejador,
procurando adaptar as lições, os currículos às necessidades dos alunos;
aprendiz, estando disposto a colocar-se no lugar dos que querem sempre aprender
mais para ensinar melhor.
Além disso, o professor cristão deve ser
um EXEMPLO para seus alunos. "Assim falai, assim procedei..." (Tg
2.12). Na escola secular, o professor pode ser um mero transmissor de
conhecimentos. Na Igreja, é diferente. O professor tem que ser didático e
exemplar.
3. ATITUDES DO
PROFESSOR DA EBD
O professor, na igreja, precisa ser
"...APTO PARA ENSINAR" (2 Tm 2.24), precisa ser uma pessoa DEDICADA
AO ENSINO (Rm 12.7) e, como OBREIRO, precisa apresentar-se "...a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
Palavra da verdade" (2 Tm 2.15).
Orientador das mentes e vidas dos
alunos;
Entusiasmado, sincero, humano e
otimista;
Atualizado, não só em termos do
que ensina, mas de outras áreas;
Não fugir do assunto da lição,
contando "testemunhos" e estórias para passar o tempo;
Enriquecer a lição com fatos
novos;
Não ler simplesmente a lição
diante da classe; seguir o roteiro, comentando e dando oportunidade aos alunos
para se expressarem;
Não confiar no improviso; deve
ler e PREPARAR a lição com antecedência, conferindo com a Bíblia.
Pontual e assíduo, para não
decepcionar os alunos;
Ao final de cada aula, sempre
fazer a avaliação (perguntas, testes, etc..)
4. COMO O
PROFESSOR DEVE VER O ALUNO
Nas igrejas, é comum o ensino
tradicional em que o ALUNO NÃO É O CENTRO do ensino. É por isso que muitos
alunos iniciam o ano na Escola Dominical, mas, 3 meses depois, não vão mais à
EBD.
É importante que o professor entenda que
é um instrumento de Deus a serviço da formação espiritual dos alunos. Estes
devem ser o alvo do ensino, e não o professor.
IV - O EXEMPLO
DE JESUS COMO PROFESSOR
O Mestre Divino deixou-nos os seguintes
exemplos (Manual da EBD, p 165-6):
1)
Conhecia a matéria que ensinava (Lc 24.27);
2)
Conhecia seus alunos (Mt 13; Lc 15.8-10; Jo 21);
3)
Reconhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1.47);
4)
Ensinava verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc 5.17-26; Jo 14.6);
5)
Variava o método de ensino conforme a ocasião e o tipo de ouvintes, como se
pode ver a seguir:
Lições práticas (Jo 4.1-42) - falou da
água para atrair a mulher samaritana;
Pontos de contato (Jo 1.35-51): o
relacionamento entre André, João, Pedro, Filipe e Natanael;
Solução de problemas (Mt 22.15-21).
Pediu uma moeda e questionou os deveres para com Deus e as autoridades.
Técnica de perguntas. Jesus fez mais de
cem perguntas para levar as pessoas a entender sua mensagem.
Parábolas. O Mestre utilizou grandemente
o recurso das parábolas para evidenciar as verdades eternas.
Oportunidades (Mt 26.17-30; Jo 13.1-20).
Ele aproveitou a ocasião da Páscoa, e lavou os pés dos discípulos para ensinar
sobre sua morte e sobre a humildade do servo.
Trabalho em grupo (Mt 5 a 7; Jo 14 a
17). Tanto pregava a grandes grupos (as multidões) como a pequenos grupos (os
discípulos); na casa de Lázaro, Marta e Maria, etc.
Ele levava o discípulo a aprender a
resolver problemas. Na multiplicação dos pães, Ele disse: "Dai-lhes vós de
comer..." (Lc 9.13a). Ele não trabalhava só. Valorizava o GRUPO. Formou um
grupo de 12 discípulos para fazer o trabalho com Ele. Incentivava os discípulos
a praticar o aprendizado. Enviou 12, de dois em dois; depois, enviou 70, de
dois em dois.
V - OS OBJETIVOS
DO ENSINO NA IGREJA
De
acordo com GILBERTO (P. 153-4), os objetivos do ensino bíblico são:
1)
O aluno e suas relações com Deus (Is 64.8);
2)
O aluno e suas relações com o Salvador Jesus (Jo 14.6);
3)
O aluno e suas relações com o Espírito Santo (Ef 5.18);
4)
O aluno e suas relações com a Bíblia (Sl 119.105);
5)
O aluno e suas relações com a Igreja (At 2.44; Ef 4.16);
6)
O aluno e suas relações consigo mesmo (Fp 1.21; 3.13,14);
7)
O aluno e suas relações com os demais alunos e com as demais pessoas (Mc
12.31).
VI - A DIDÁTICA,
OS MÉTODOS E AS TÉCNICAS DE ENSINO NA IGREJA
1. MÉTODOS DE
ENSINO
A palavra método vem do grego, méthodos,
com o significado de "caminho para chegar a um fim"; ...
"processo ou técnica de ensino" ; "modo de proceder; maneira de
agir" . (Dic. Aurélio) . Na prática, os métodos envolvem as técnicas, como
forma de operacionalizá-los.
Nas igrejas, de modo geral, os métodos
de ensino da Palavra de Deus continuam sendo os mais tradicionais, predominando
do MÉTODO EXPOSITIVO. Este, com a unção de Deus, tem efeitos extraordinários no
aprendizado. Contudo, outros métodos e técnicas podem ser utilizados nas
igrejas, desde que haja condições para isso (pessoal qualificado, recursos
materiais, espaço , etc..).
De acordo com a Didática, podemos
resumir os métodos de ensino em três tipos:
Métodos de
ensino individualizado:
"A ênfase
está na necessidade de se atender às diferenças individuais, como por exemplo
ritmo de trabalho, interesses, necessidades, aptidões, etc.". Predominam
as atividades individuais (de estudo e pesquisa).
Como exemplo, temos as seguintes
técnicas:
Instrução programada (precisa de
objetivos definidos, apresentação em pequenas etapas e em seqüência lógica,
participação ativa do aluno, o aluno estuda em seu próprio ritmo; bom para um
curso bíblico básico.
O estudo dirigido: leva o aluno a
aprender a estudar, Ter bons hábitos de estudo, explora o pensamento reflexivo;
bom método para estudo da lição da EBD, quando o professor pode trabalhar com a
turma, passando exercícios para o Domingo seguinte.
O ensino por fichas: exige muito
trabalho, pois há pelo menos 5 (cinco) tipos de fichas (Ficha de informação,
ficha de exercício, ficha de controle, ficha de recuperação e ficha de
desenvolvimento) . Na EBD pode ser simplificado, com a distribuição de fichas,
com tópicos da lição, numa classe pequena: ficha de informação, com o assunto a
ser estudado, ficha de exercício e ficha de avaliação (exige mais trabalho do
professor), ou uma ficha única, com informação, exercício e avaliação ;
O ensino por módulos: nesse método são
definidos três elementos; 1) Objetivos educacionais; 2) ensino individualizado
e 3) avaliação baseada nos objetivos definidos.
Métodos
de ensino socializado.
Fundamentam-se na chamada "Dinâmica
de Grupos". Visa fortalecer a personalidade do aluno, no trabalho em
grupo, dando-lhe capacidade para se integrar na comunidade, na vida coletiva.
Os grupos não devem ser muito grandes. (4 a 7 alunos). Os alunos recebem uma
tarefa de estudo, e o professor exerce o papel de orientador e supervisor.
- Técnicas de
trabalho em grupo:
Algumas técnicas
grupais podem ser bem aproveitadas nas classes da EBD:
Discussão em pequenos grupos: troca de
idéias e opiniões sobre um tema em função da doutrina bíblica: ex. o pecado é o
mesmo em todos os países? ; o aborto é justificável em algum caso? (de estupro,
por exemplo?).
Discussão dirigida: um problema pode ser
apresentado pelo professor e todos os alunos o discutem, sob sua orientação.
Ex. Qual o papel das obras para em relação à salvação? Os usos e costumes devem
ser preservados? A participação do crente na política, etc.
Dramatização. Tem grande efeito na EBD.
Uma classe pode preparar uma dramatização sobre o assunto da lição. Por ex. O
clamor dos povos não-alcançados (missões); o valor do perdão; o bom Samaritano,
etc.
Seminário. Uma vez a cada período, para
jovens e adultos, ao invés de haver classes separadas, pode haver um seminário
para o grupo maior, permitindo-se exposição, seguida de perguntas e respostas
sobre o assunto da lição;
Painel de debates. Um assunto polêmico
pode ser apresentado por pessoas que conheçam bem o tema, e , depois, os alunos
podem emitir suas opiniões, sob a coordenação do superintendente da EBD ou de
outra pessoa apta para o uso dessa técnica.
Nas igrejas, é comum o ensino
tradicional, embora já existam iniciativas e práticas do ensino moderno.
Interessante é notar que JESUS usava métodos e técnicas avançados de ensino.
Ele levava o discípulo a aprender a resolver problemas. Na multiplicação dos
pães, Ele disse: "Dai-lhes vós de comer..." ( Mt 14.16b). Ele não
trabalhava só. Valorizava o GRUPO. Formou um grupo de 12 discípulos para fazer
o trabalho com Ele. Incentivava os discípulos a praticar o aprendizado. Enviou
12, de dois em dois; depois, enviou 70, de dois em dois (Lc 10.1).
1.3.
Métodos de ensino sócio-individualizado
Os estudiosos entenderam que o método
individualizado e o socializado, utilizados com freqüência, poderiam levar à
monotonia.
Os métodos sócio-individualizados
procuram usar com equilíbrio o ensino individualizado e o socializado, visando
"balancear a ação grupal e o esforço individual no sentido de promover a
adaptação do ensino ao educando e o ajustamento desta ao meio social" (Vilarinho,
p. 79).
As técnicas desse método são,
basicamente: a) Método de projetos; b) método de problemas; c) unidades
didáticas; d) unidades de experiências e) a pesquisa como atividade discente.
Na EBD, os métodos de problemas e
pesquisa como atividade discente são os mais aplicáveis.
Vale salientar que há diversas técnicas
de ensino que podem ser utilizadas, na EBD, sem que sejam necessários gastos
excessivos. O mais importante é a "DEDICAÇÃO AO ENSINO" (Rm 12.7b)
sob a unção do Espírito Santo. As carências e deficiências podem ser compensada
com a graça de Deus.
3. OS MATERIAIS
(MEIOS) AUXILIARES DE ENSINO
São recursos utilizados pelo professor,
na execução de um método ou técnica de ensino, visando "auxiliar o
educando a realizar sua aprendizagem de modo mais efetivo"... "um
instrumento para a consecução dos objetivos traçados" no plano de aula.
São os recursos audiovisuais.
Nas igrejas, o ensino é
preponderantemente expositivo. O professor fala e os alunos escutam. Há
obreiros que não admitem o uso de audiovisual no templo. De modo geral, pouco
uso se faz dos meios ou materiais auxiliares do ensino. Com isso, a qualidade
do ensino tende a ficar aquém do desejável, pois a mensagem é transmitida de
modo inadequado. A pregação pode ser somente expositiva e alcançar o objetivo,
pela unção do Espírito Santo. O ensino, no entanto, deveria valorizar mais os
meios materiais.
Os materiais auxiliares são variados, e
podem ser utilizados de acordo com as condições de cada igreja local. Dentre
esses, temos
régua, lápis,
borracha, giz, pincéis, massas, tesouras, cartolina , agulha, tecido;
cartazes, álbum
seriado, slides, filmes, fotografias, fluxogramas;
livros,
revistas, dicionários, textos;
discos, CD´s,
fitas cassete, gravadores, rádio, globos, flanelógrafo, quadro de pregas,
transparências, retroprojetores, monitor de vídeo, projetor de multimídia, computador,
etc.
Os meios auxiliares de ensino podem
ajudar na transmissão didática do ensino, com as seguintes vantagens (EETAD, p.
87):
-
Ajudam a captar a atenção;
-
Ajudam a manter o interesse;
-
Ajudam a aclarar as idéias;
-
Ajudam a reter a aprendizagem.
Um provérbio chinês diz: "O que eu
ouço, esqueço; o que eu vejo, lembro; se eu faço, aprendo".
Estudiosos
afirmam que a aprendizagem ocorre por meio dos cinco sentidos:
1 % pelo
paladar;
1,5% pelo tato
3,5% pelo cheiro
11 % pela
audição
83% pela visão
4. O ASPECTO
ESPIRITUAL DA DIDÁTICA CRISTÃ
Jesus disse: "Sem mim, nada podeis
fazer" (Jo 15.5) . Com essa afirmação, o Senhor quer dizer-nos que, sem
seu poder, sua direção, sua unção, nada podemos fazer de real, efetivo e
eficaz. S. Paulo, um excelente mestre nas Escrituras, tinha a convicção disso,
quando afirmou: "Ele é o que opera em vós tanto o querer quanto o
efetuar" (Fp 2.13) .
O professor, na igreja, pode ser
formado, com curso de graduação, especialização, mestrado e até doutorado em
Educação. Entretanto, se não tiver a unção do Espírito Santo, seu ensino não
atingirá os objetivos. O Espírito Santo é o Professor invisível da igreja.
Jesus disse: "Mas aquele consolador...esse vos ensinará todas as coisas....
(Jo 14.26)
BIBLIOGRAFIA
-
BÍBLIA SAGRADA, Ed. Revista e Corrigida. Editora VIDA, S. Paulo, 1982.
-
CGADB. Diretrizes e Bases da Educação Religiosa nas Assembléias de Deus no
Brasil. CPAD, Rio, 1988.
-
EETAD, A Educação Cristã. Campinas, SP.
-
GANGEL, Keneth & HENDRICKS, Howard G. Manual do Ensino, CPAD, Rio, 1999.
-
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. CPAD, Rio, 17a. Ed, 1997.
- GREGORY, John Milton. As sete leis do
ensino. JUERP, Rio , 1977.
-
GRIGGS, Donald L. Ensinando professores a ensinar. Ed. Presbiteriana, S. Paulo,
1987.
-
VILARINHO, Lúcia Regina Goulart. Didática. LTC, S. Paulo, 1979.